Frei Alberto Henrique Ferreira Marini, O.Carm.
Neste Domingo do Senhor, a Igreja convida os seus fiéis a contemplar a espiritualidade do Advento, que do latim Adventus significa “chegada” ou também “Aquele que está para chegar”. Liturgicamente, o Advento é um tempo de preparação para a festa do nascimento de Jesus Cristo. Para isso, esse tempo litúrgico dispõe de quatro domingos, cada qual com uma temática diferente, que traduz propriamente a espiritualidade que celebramos. Assim, neste primeiro Domingo do Advento buscamos refletir o tema da vigilância ou da espera ansiosa pelo Senhor, conforme as próprias leituras nos orientam.

A primeira leitura, extraída do profeta Isaías, apresenta uma visão sobre as cidades de Judá e Jerusalém, fazendo referência a casa de Deus, que se encontra situada no Monte. Num aspecto simbólico-espiritual, o Monte é o lugar do encontro com a divindade, pois se encontra em um nível mais elevado. Como a própria leitura indica, todos os povos e nações encontram seu ponto de referência na imagem do Deus vivo e verdadeiro, que nos ilumina mediante a sua Lei e a sua Palavra. Nesse sentido, o Monte se compara a um farol, que tem por função guiar e iluminar os povos para o reconhecimento da presença de Deus. Aliás, o contexto desta leitura de Isaías remete a um tempo de dificuldade, movido pela opressão e pelo sofrimento do povo, que precisava pagar tributo aos governantes da época. De tal forma, o povo recorria aos profetas e aqueles que anunciavam a esperança diante de suas lamentações e da sua situação de miséria.
Por meio do preambulo trazido pela primeira leitura, o Evangelho de São Mateus conduz o leitor para um exercício da vigilância constante em Deus, pois a futura vinda do Senhor é uma incógnita ou incerteza. Apenas recordando que o evangelista situa o seu leitor no discurso escatológico de Jesus, que significa “fim dos tempos”. Para melhor ilustrar esta temática, Jesus se utiliza de exemplos concretos, tais como: no tempo de Noé, os trabalhadores no campo, as mulheres que estão moendo no moinho e o ladrão. Certamente, essa preparação já se dá no dia-a-dia ou no próprio presente das pessoas, que se deixam guiar pela luz de Jesus

Por fim, a Carta de São Paulo aos Romanos nos exorta de forma prática a um despertar e se deixar abrir para a graça redentora. De fato, o importante é que estejamos revestidos das “armas da luz” ou do próprio Jesus Cristo. Isso porque, os cristãos, configurados a Cristo pelo Batismo e pela fé professada, são capazes de transformar a sua realidade por meio das atitudes do ser-cristão no mundo ou mesmo pela experiência que fizeram de Jesus Cristo. Portanto, que possamos, a partir da Palavra e da mensagem de Jesus, assumir as atitudes do “ser-cristão” no mundo em que vivemos, seja em nosso trabalho, comunidade, família ou na escola. Que sempre busquemos esperar vigilantemente em Cristo Jesus, luz e salvação das nossas vidas… Um bom início de Advento a todos !!